Licio Gomez - Tó Dinho

Toddynho virou drink de mimimi de revoltado
Na minha época com um na lancheira eu tava feliz danado
Se é bolacha, biscoito, como os dois, não tem dilema
Já dizia a canção: Ema, Ema
Cada um com seus “pobrema”
Atari na casa dos outro
Para mim era coisa de rico
Calça acima do umbigo
Anos 80 isso era bonito
Avião dos G.I. joe de segunda mão, usando resto de madeira
Bola de gude na terra batida, berma sem camisa, pé cheio de frieira
Na criatividade, sagacidade infantil
Chegava da escola, velocidade era a mil
E no esforço dos coroa, nunca chegamos à extrema pobreza
Mas não dou uma de falso, o que eu almejo é a extrema riqueza

Riqueza pro povo
Pros amigos, traz ouro pra todos
Ninguém quer viver na lama
Minerando ouro de tolo
Eu quero tudo para todos

Começa a correr com os pés amarrados
Não tem luta justa, não tem sapato
Não tem caderno, não tem preparo
Não tem merenda, não tem salário
Não tem saúde, tá tudo precário
Cozinha tua ideia no vapor barato
Mérito de quem diz
Que o mérito não está errado
Vejo uma pá de hiena sorrindo, me chamando de delícia
Esperando meu fracasso, pra comer minha carniça
Pobre virou doutor na TV, exemplo notório de superação
Mulher negra virou CEO, capa de revista dessa edição, chama atenção
Isso pra você é lindo, mas é apenas meio por cento daquela estatística
Enquanto tem gente morrendo e gente matando
Ninguém se preocupa em nivelar isso por cima
Tudo mais fácil pra uns
E outros que tomam como espólio de guerra
Alimenta teu filho e sonha
Que ele tenha sucesso e prospere numa nova era

Riqueza pro povo
Pros amigos, traz ouro pra todos
Ninguém quer viver na lama
Minerando ouro de tolo
Eu quero tudo para todos

Tem gente que essa visão deixa cego
Na hora até o raciocínio falha
A mesma que te vê na sarjeta e diz
Vamos embora tesouro
Não se misture com essa gentalha
Quero meu povo com o bolso cheio de din
Com a mesma chance na vida, tá doido? - quero sim
Comprar pro pirraia muito Sustagen e Danone
Foda-se, você acha que eu sou socialista de iPhone
Ninguém ostenta miséria
Ninguém almoça miséria
Ninguém suporta miséria
Muitos exploram a miséria
Te deixam só na miséria
Enquanto votam em miséria
Se liga miséria
Quero sair dessa miséria
Não vou bater panela mostrando indignação
Prefiro fazer meu arroz com feijão
Raiva seletiva, solução parcial
Polarizando a saída
Enquanto tem gente entendendo nada
Pobreza não é estilo de vida
É instinto de vida
Na selva onde só tem leão, ninguém se engana
É pouca zebra correndo pela savana
Mata e morre pela grana

Riqueza pro povo
Pros amigos, traz ouro pra todos
Ninguém quer viver na lama
Minerando ouro de tolo
Eu quero tudo para todos