Licio Gomez Licio Gomez - Ato 1

Então vamo lá
Vamos ver no que vai dar
Ficha na mesa, aposto no jogo e deixo o dado rolar
Não tem crença, não se joga no chão
Não tem ginga, não se joga no chão
É tudo uma questão de entender o papel
Tá amassado ou esqueceu pra que lado estender a visão?
E vou contando
Os anos, os atos, vitórias, fracassos
Mal acordei e já vi todos os discursos gastos
Mais que meus sapatos
De andada
Não sou o caranguejo da fábula
De Recife que pisa nos outros
E atrasa a parada
Tô correndo por fora no chinelinho
Pária de todas escolas
Ligado em erguer meu castelo
Do que azarar o do vizinho
Macaco véio criado na selva de Casa Amarela
O espinho da flor já secou
Já passei com a minha dor
Correndo nem dá pra pensar na sequela
Se for devagar, o sinal amarela
É fella
Não tá fácil
Joga na raça
Na falta de um esquema tático
Tanto buraco, campo minado
Aprendi tanto com o jogo do Windows
Que o erro já tá decorado
Quem já viu, já se ligou
Cem já viu e se lixou
Quarenta anos passaram na minha vida
Advinha... Nada mudou!
Não sou o herói do filme de sucesso
Nem o sucesso tenho do herói
Eu tenho saliva pra gastar na rima
Homem de ferro a ferrugem corrói
E os livros de auto ajuda só ajudam a quem escreve
Já basta de teoria, eu quero sentir é na epiderme
O pelo arrepiando de ouvir no streaming o meu som
E o cara do meu lado dizendo: Carai, o teu som é bom!
De tijolo em tijolo, erguendo o meu prédio
Tendo sonho grande, cansei de ter sonho médio
E uma pá pensando que pratico o impossível
Só te digo uma coisa
Meu dom não é perecível
Eu tô dando continue, o jogo não acabou
E na lei da causa efeito
Foi você que se afetou
Vim provar para mim mesmo
Não me dou por derrotado
Nem tô tipo Cassiano
“Estou ficando velho e acabado”
Suor derrubado não volta pro rosto
Já vim até aqui, pra ficar a um passo da glória
Nem tô a fim de matar ninguém de desgosto
Espírito Santo, prazer, eu trago a vitória
Aquele que desce do Morro
Bolando fazer um din
Mantendo o verso no peito
Desculpe, mas não me vendi
Bota no ouvido esse som
Na mente bota essa ideia
Malandragem ruim acaba no chão
Ou abrindo a porta da própria cela
Da terra de onde eu venho
Não tem serial comédia
E que comecem os jogos